sexta-feira, 3 de julho de 2009

A viagem do elefante de José Saramago


Para começo de conversa, é Saramago. E se tratando dele, até quando não é excelente, é muito bom.
Há muito tempo atrás comecei a descobrir sua obra por meio do livro "O evangelho segundo Jesus Cristo", do qual não saí do primeiro capítulo.
Depois, algumas amigas leram "O ensaio sobre a cegueira" e tentaram me convencer a fazer o mesmo. Não conseguiram.
Até que, há uns cinco anos atrás, uma aluna de uma das turmas da faculdade na qual trabalhei, me falou com tanta paixão sobre a obra que não resisti. E adorei! Foi e é, até hoje, um dos livros que mais me impactou.
Nesse ano, ganhei de presente da Cínthia (outra apaixonada por livros), "A viagem do elefante". Desde abril ele está ali, ao lado da cabeceira, esperando para ser lido. Experimentado aos poucos entre uma leitura e outra. E foram tantas as pausas...
Demorou para que a minha viagem acertasse o passo. 
O livro narra um fato curioso: a viagem de um elefante por alguns países da Europa. Sim, um legítimo elefante indiano que foi dado de presente de casamento ao arquiduque da Áustria por Dom João III, rei de Portugal.
Para uma mente brilhante como a de Saramago, um episódio como esse é um excelente mote para discorrer de maneira bastante divertida sobre a natureza humana e também elefantina.
Ao longo do relato, o autor nos presenteia com algumas considerações maravilhosas como essa, por exemplo: "Como já deveríamos saber, a representação mais exacta, mais precisa da alma humana é o labirinto. Com ela, tudo é possível." Adorei!!
Confesso que, em vários momentos, senti dificuldade em encontrar razões para seguir as passadas desse paquiderme. O ritmo do texto parece seguir os caprichos de Salomão. Não adianta nos apressarmos. É preciso respeitar suas pesadas passadas.
E não me admiraria se soubesse que Saramago fez isso de propósito. Para nossa delícia e deleite.

2 comentários:

  1. Denise,

    José Saramago é justamente isto: quando não é bom é excelente. Como você, também elegi Ensaio Sobre a Cegueira como um dos livros mais impactantes que já li.

    Fico me perguntando se a sua condição de ateu contribui para a qualidade da sensibilidade que ele apresenta.

    Obrigado pelo seu escrito sobre a Viagem do Elefante, ele me estimulou a lê-lo.

    No mais, meus parabéns pelo Meu Diário de Leituras. A propósito, você conhece Os Livros e os Dias, do Alberto Manguel?

    Saudações leitoras.

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