terça-feira, 5 de julho de 2011

Necessidade

Construo o que sou por meio das palavras.
Não concebo nada que tenha vida, que antes, muito antes não tenha sido verbo. Sonho. Projeto. Palavra e Silêncio.
E mesmo quando não há nada a escutar, o silêncio conta.
Porque é preciso narrar. Sempre. Para saber e fazer quem somos e o que virá.
Em breve, novas postagens por aqui.

sábado, 5 de março de 2011

Quando a literatura nos salva...

Já ouvi dizer que quem lê demais está fugindo da realidade. E talvez seja isso mesmo.
Antônio Cândido disse uma vez que é preciso um pouco de fantasia para nos manter sãos. Por isso, a literatura deveria ser um dos direitos fundamentais do ser humano.
Muitas vezes já me vi procurando nas palavras impressas aquilo que me faltava. E sempre fui recompensada. Ou porque tenha me reconhecido nos dramas vividos pelos personagens ou porque tenha encontrado respostas para perguntas que sequer haviam sido feitas.
Em alguns casos, a leitura não me trouxe nenhuma epifania. Apenas fez-me passar o tempo e desligar do mundo quando esse me pareceu duro e real demais para ser suportado com lucidez. 
Uma boa experiência nesse sentido ocorreu recentemente com a descoberta da Trilogia Milennium do sueco Stieg Larsson. Desde o contato com o primeiro volume da série (Os homens que não amavam as mulheres), o mergulho no universo sombrio e inteligente do autor revelou-se uma aventura da qual foi praticamente impossível fugir sem avançar de um livro para outro.
Além de personagens interessantíssimos, como em um bom suspense, a trama revela-se aos poucos e surpreende-nos a cada página com novas perguntas que vão sendo respondidas sem, no entanto, revelar o mistério principal.
Na última semana, fui salva pelo segundo volume da série (A menina que brincava com fogo). Devorei-o em apenas três dias. Precisava de um outro lugar para visitar enquanto "nesse lado de cá"a vida vinha sendo feita de espera, angústia e medo. Muito medo. 
Recentemente, ouvi dizer que há uma tendência grande a escolhermos o sofrimento. Mesmo quando ele apenas faz parte da nossa fantasia. E estamos tão viciados nesse movimento que o caminho da serenidade, da paz e da alegria parece uma ofensa à infelicidade coletiva.
Talvez, a literatura possa nos ajudar a subverter essa ordem.
No caso do mergulho nessa obra, foi um prazer imenso transferir a dor e angústia para o mundo da fantasia e, enquanto isso, renovar na "vida real" a fé, a crença nas forças que desconhecemos e a esperança nos milagres que acontecem quando o amor predomina.
Para ler e não deixar até o último ponto final.