Ontem, acordei com a notícia da morte de José Saramago. Mundialmente conhecido escritor português, vencedor de inúmeros prêmios, inclusive o Nobel da Literatura.
Levou um tempo para que eu pudesse entrar em contato com sua obra.Como um bom vinho, Saramago exige um "paladar" leitor apurado e, talvez, uma certa dose de rebeldia para perceber as ousadias que ele fazia com nossa língua portuguesa.
Lembro-me do encontro com o livro "O ensaio sobre a cegueira" há cinco anos atrás e do impacto que me causou seu discurso tão bem construído e sua maravilhosa visão sobre as inúmeras facetas disso que chamamos ser humano. Arrisco dizer que, até hoje, pouquíssimos livros me fizeram sentir tamanha admiração. Não só pelo enredo e pela trama mas, principalmente, pela forma como as palavras foram combinadas para construir sentido. Uma verdadeira obra de arte.
Curisamente, ao saber que Saramago se foi, não houve nenhuma nota de tristeza. Porque penso que só podemos lamentar as vidas que não foram vividas. Aquelas que foram interrompidas sem que a experiência fosse carregada de presença, entrega e intensidade.
José Saramago esteve sempre lúcido. Sempre presente. Sua voz costumava ecoar em meio as injustiças, denunciando, muitas vezes, os tantos "reis nus" que ainda teimam em disseminar suas tiranias.
Sua obra, mais do que qualquer outro legado, atesta sua grandiosa humanidade. Coisa que apenas os homens simples e atentos à experiência da vida são capazes de testemunhar.
Há pouco tempo, li uma entrevista com o autor dizendo que "não poderia ter morrido sem ter conhecido Pilar." Lembro-me o quanto essa tenra declaração de amor à sua esposa tocou-me naquele momento. Ousando parafrasear sua delicadeza, devo dizer que "nenhum leitor deveria se permitir passar por essa vida, sem se aventurar a conhecer a obra de Saramago."
Boa viagem, José Saramago!
Essa é a Denise!!!
ResponderExcluirGrande Figura!!! Linda!
De uma sensibilidade apurada e sublime...
Obrigada por suas contribuições em nossas vidas!
Ousamos parafrasear as palavras de Fernando Meireles a respeito da morte do mestre: "O mundo hoje fica mais ignorante e cego com a morte de Saramago..."
Um beijo dos Queris (Flora e Muba)
Oi Denise,
ResponderExcluirque declaração especial ao escritor.
Comigo aconteceu o contrário, nunca consegui terminar de ler nenhuma obra dele. O Ensaio sobre a cegueira foi o primeiro livro que conheci. Comecei algumas vezes a le-lô e sempre parei quando o personagem principal perde a visão. Este livro ficou comigo muitos anos até que emprestei para um amigo que desapareceu junto com a obra. Pra mim a síntese que o Fernando Meirelles fez do livro me tocou de um jeito muito especial. Na época me lembrei do porque não consegui avançar com a leitura: não queria adentrar a um universo tão visceral; olhar a nossa humanidade assim tão crua... Este semana vascunhando livros, descobri que ganhei o livro Caim, romance lançado em 2009 e que está guardado. Quem sabe agora vou ter a chance de conhecer uma obra por inteiro. Mais que a literatura, a imagem dele sempre foi muito forte pra mim: a postura, a delicadeza na colocação das palavras... Lembrei também que tenho um livro do Sebastião Salgado, Chico Buarque chamado Terra com apresentação do Saramago. Este livro foi autografado pelos três artistas e eu fiquei muito feliz na época por ter conseguido este exemplar. Fiquei bastante emocinada ontem quando ele fala em uma entrevista que a pessoa mais importante que ele conheceu foi o seu avô, um homem analfabeto. Partir assim com tanta sabedoria é oportunidade pra poucos.
Bj. Lindalva.
Gostei desse blog. Seguindo-te!
ResponderExcluirOi Denise!
ResponderExcluirEstou com saudades de vc! do Letras de Luz! Sou de Santa Maria de Jetibá, ES, Lembra? como foram bons nossos encontros em Baixo Guandu!!!não esqueço nunca!