segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Foi apenas um sonho

O que é um bom filme?
O que caracteriza uma boa história?
Não sei. Mas, para mim, as melhores narrativas são aquelas que nos fazem olhar a vida de uma nova forma. Que mexem com nossas certezas, trazendo-nos algum tipo de perturbação.
Se for assim, Revoltionary Road - que assisti ontem - é um ótimo exemplo de bom texto, aliado ao excelente trabalho de alguns atores e um diretor que sempre tem algo a nos dizer.
(Recuso-me a usar o título em português, repleto de interpretações e de respostas fáceis às perguntas dificílimas que o longa propõe.)
Confesso que durante a exibição senti no ar um certo incômodo entre os presentes. Estranhei os risos nervosos em resposta aos diálogos ácidos entre as personagens.
As pessoas mudavam de lugar, prendiam a respiração... Talvez com medo de aspirar a verdade gritada a plenos pulmões.
E como é difícil dar voz a lucidez da loucura!
Impossível assisti-lo sem sentir um "nó na garganta" frente aos dilemas do casal e às questões que o "american way of life" ainda tão presente em nossa cultura nos provocam.
Duas pessoas se encontram, cheias de sonhos. Casam, têm filhos, compram uma casa, obtém o seu sustento e ...
Quantos de nós já não nos perguntamos se as escolhas que fazemos são resultado de nossa vontade ou apenas uma resposta aos modelos que fomos levados a crer que deveríamos seguir?
Quantas vezes fomos capazes de olhar a nossa vida e tivemos coragem de procurar resquícios dos sonhos que tivemos anos atrás?
Quantos nos aventuramos a buscar as respostas possíveis às nossas verdadeiras inquietações?
Não sei.

Levarei um bom tempo para digerir esse filme.


Revolutionary Road, EUA, 2008. Dire: Sam Mendes. Com: Kate Winslet, Leonardo DiCaprio e Kathy Bathes. Estréia em 30 de janeiro.

3 comentários:

  1. Denise,

    olha só, eu ainda não vi o filme, mas agora, lendo o teu texto, sinto-me desafiado a vê-lo. E é do diretor de American Beauty, agora mais maduro, deve estar mais terrível ainda. Só pela indiferença da Academia do Oscar já dá pra perceber que o negócio pega.
    E o curso de quadrinhos, estás frequentando ainda?
    Amanhã vou conversar sobre um projeto de leitura, diferente do ECOTECA, mas o contato veio daquele grupo.

    Beijos

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  2. Val, o filme é do c!
    E agora, fiquei mais feliz ainda sabendo que eu o vi primeiro que você.
    Brincadeiras à parte, é um soco no estômago da sociedade americana. E da nossa também.
    O Beleza Americana, com toda sua acidez e hipocrisia, conseguia arrancar alguns momentos de riso por causa do ridiculo de alguns personagens.
    Mas, nesse, as pessoas são comuns. E aí, a identificação é bemm maior.
    E o incômodo também.
    Sai abalada.

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  3. Oi Denise... Quanto tempo hein? Blog muito bacana. Não vi o filme ainda e fiquei realmente curioso agora. Valeu a dica.

    Abs,

    MM

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