terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Por que esse diário?

Desde muito cedo as palavras povoaram minha vida.
Do primeiro sorriso, às pequenas sílabas que aos poucos tomaram significado nos infinitos monólogos que travei ainda bebê.
Numa casa cercada de tantas conversas cruzadas, as histórias, de um certa forma, me aproximaram da família tão distante deixada para trás junto aos terreiros repletos de abacaxis e pés de mangas majestosos de um Nordeste tão mágico quanto a Macondo de Garcia Márquez. Elas construíram minha identidade.
Os apelidos dos parentes, as narrativas das aventuras vividas na chegada à cidade grande, as histórias fantásticas de meu avô nas terras indígenas, os encontros e desencontros que resultaram no casamento dos meus pais.
Tudo. Tudo sempre foi leitura. E o mundo estava ali. Para ser aberto. Lido e sentido.
Foi entao que meus irmãos mais velhos descobriram outras letras na escola.
E eu, sedenta por todas as possibilidades que se abriam a partir dessa aventura vivida por eles, percebi que além da magia experimentada pela minha própria família, havia muitos outros mundos possíveis e impossíveis por dentro dos quais eu poderia viajar.
Nas fábulas e parábolas narradas por minha mãe antes de dormir, aos livros sempre recebidos de presente nas datas especiais eu me encontrei e me perdi tantas vezes...
Pouco a pouco a leitura foi se transpondo para o meu mundo. E as conversas sobre personagens conhecidos, passaram a ser também sobre a fantasia experimentada nos livros, jornais e revistas comprados por meu pai, nos romances lidos por minha mãe e minhas tias, nos quadrinhos docemente saboreados por meu irmão, nas leituras obrigatórias da escola sempre tão penosas para minha irmã. Tudo era experimentado. Fundava-se ali uma comunidade de leitores.
Hoje, quando parte do meu trabalho é construir pontes para que tantas outras pessoas possam compartilhar suas impressões sobre as palavras, as imagens e os sons que as provocam, surge a idéia desse diário.
Sim, porque agora as histórias - mais do que nunca - são parte da minha vida. Do meu mundo.
Elas dizem muito do que sou. Daquilo que sinto e da forma como vivo a experiência de ser humana.
E aqui, nesse espaço, quero dividir com vocês, leitores amigos e desconhecidos, minhas aventuras sobre os livros, filmes e imagens com os quais conviverei a partir de hoje.
Nada do que for dito aqui será definitivo. Porque as leituras mudam sempre. E os leitores também.
Aí reside a magia das histórias. Os dramas, as experiências humanas quase sempre são atemporais e também mutantes. Algumas vezes, fascinantes. Outras, ridículas. E por isso mesmo, cheias de vida.
Proponho que experimentemos um pouco disso juntos.
Sinta-se convidado a opinar sobre suas próprias experiências e conhecer um pouco da criação humana em suas mais variadas formas.
Enfim, seja bem-vindo ao meu diário de leituras!

9 comentários:

  1. Dê, diários são a possibilidade de reencotrarmos com "cenas" de nossas vidas. São também a incrível mágica de vivermos experiências jamais imaginadas... é a memória nas palavras, é o livro que desejamos jamais finde. Estarei sempre por aqui para revisitar o conhecido e desvendar o mundo que ainda me falta. Beijos, Sil

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  3. Denise, que legal, partindo de você, tornar-se ainda mais interessante.
    Adorei conhecer a sua pessoa, você vive e respira leitura.
    Um abraço
    Elis Beatriz, Serra, Espírito Santo.

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  4. De, amei seus textos! Tenho certeza de que ao escreveu , você foi sentindo cada letra com o pulsar do coração,assim como au ao ler . Não deixarei de ler o seu diário. beijos no coração!

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  5. Dê,
    Seu blog está uma delícia de ler...
    As leituras tb acompanham minha vida há muito tempo. Nesse momento especial que vivo, divido-me entre as leituras informativas - tão necessárias para uma mãe de primeira viagem! - e as literárias. Estou lendo duas obras, aparentemente sem nenuma conexão: Compreendendo seu filho de 4 anos, indicado pelo pediatra homeopata de meu filho, e a biografia de Leila Diniz. O primeiro, vem confirmando a importância da psicologia na compreensão das relações humanas e o segundo tem muito mais de maternidade do que eu esperava. Leila Diniz certa vez comentou com a irmã que se tivesse de dar presente no dia das mães presentearia ao menos 10 pessoas diferentes... Ela viveu muitas experiências de orfandade e maternidade ao mesmo tempo. Estou gostanto muito da leitura, embora só tenha conseguido ler as primeiras 50 páginas até agora, já que tb me divido entre a volta de bici na pracinha e o chute de bola no quintal...

    Beijos pra vc e obrigada pela generosidade do espaço.

    Saudades!

    Cris Tavares

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  6. Amei, nada melhor para começar um ano q promete muito com o Letras de Luz.

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  7. Gostei muito do teu blog! Espero uma visitinha ao meu, também. Beijos.

    www.fbasso.zip.net

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  8. Gostei muito do seu Blog e de fazer um diário de Leitura.Até opróximo encontro.
    Bjs.

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  9. Denise, querida.....
    Vc sempre nos oferecendo belas e tocantes palavras....reacendendo o desejo de ler e reler Guimaraes....
    Beijo
    Thelma

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