"Nonada".
Como se diz tanto, com tão pouco?
Há imagens que ficam impressas na memória, como se fizessem parte da nossa história, mesmo que nunca tenhamos vivido a experiência.
Alguns chamarão isso de inconsciente coletivo. Prefiro acreditar que existem certos retratos que espelham a condição humana com tamanha verdade que logo nos identificamos e reconhecemos-nos como parte da cena.
É assim com a obra de Guimarães. Mesmo quem nunca foi ao sertão, sente a aridez do combate, a solidão das veredas e a tensão pela espera da morte sempre anunciada.
Mesmo quem nunca amou sem conflito, experimenta a contradição dos sentimentos entre Tatarana e Diadorim.
Foram muitas páginas de conversa com Guimarães por meio de Riobaldo, falando coisas sobre a vida com tamanha simplicidade, intensidade e beleza... Uma verdadeira obra de arte esculpida em palavras.
Para mim, é essa a matéria da qual são feitos os grandes escritores. Não exatamente o que eles dizem mas, a forma como são capazes de traduzir a condição humana em palavras. E por saberem burilar o verbo com maestria, nos envolvemos na trama, nos detalhes e comungamos as venturas e desventuras experimentadas pelas personagens.
Surpreendi-me, com a tristeza, a dor e a intensidade com a qual senti a descoberta de um amor possível que durante toda uma vida pareceu improvável. Chorei a morte de Diadorim.
Numa sexta-feira de sol, sentada na cama, vi-me como Bastian de "A história sem fim", lamentando o ponto final definitivo dessa narrativa.
Prazeres que só quem partilha a experiência de amar os livros e tentar ser mais humano a partir da experiência narrada por outros é capaz de sentir.
Para ler e reler. Para perder e encontrar.
Para férias de janeiro, para os tempos de sertão. Para pausas nas veredas da vida.
Guimarães, sempre.
"O céu vem abaixando. Narrei ao senhor.
No que narrei, o senhor até ache mais do que eu, a minha verdade.
Fim que foi. Aqui a estória se acabou.
Aqui, a estória acabada.
Aqui a estória acaba."
Como se diz tanto, com tão pouco?
Há imagens que ficam impressas na memória, como se fizessem parte da nossa história, mesmo que nunca tenhamos vivido a experiência.
Alguns chamarão isso de inconsciente coletivo. Prefiro acreditar que existem certos retratos que espelham a condição humana com tamanha verdade que logo nos identificamos e reconhecemos-nos como parte da cena.
É assim com a obra de Guimarães. Mesmo quem nunca foi ao sertão, sente a aridez do combate, a solidão das veredas e a tensão pela espera da morte sempre anunciada.
Mesmo quem nunca amou sem conflito, experimenta a contradição dos sentimentos entre Tatarana e Diadorim.
Foram muitas páginas de conversa com Guimarães por meio de Riobaldo, falando coisas sobre a vida com tamanha simplicidade, intensidade e beleza... Uma verdadeira obra de arte esculpida em palavras.
Para mim, é essa a matéria da qual são feitos os grandes escritores. Não exatamente o que eles dizem mas, a forma como são capazes de traduzir a condição humana em palavras. E por saberem burilar o verbo com maestria, nos envolvemos na trama, nos detalhes e comungamos as venturas e desventuras experimentadas pelas personagens.
Surpreendi-me, com a tristeza, a dor e a intensidade com a qual senti a descoberta de um amor possível que durante toda uma vida pareceu improvável. Chorei a morte de Diadorim.
Numa sexta-feira de sol, sentada na cama, vi-me como Bastian de "A história sem fim", lamentando o ponto final definitivo dessa narrativa.
Prazeres que só quem partilha a experiência de amar os livros e tentar ser mais humano a partir da experiência narrada por outros é capaz de sentir.
Para ler e reler. Para perder e encontrar.
Para férias de janeiro, para os tempos de sertão. Para pausas nas veredas da vida.
Guimarães, sempre.
"O céu vem abaixando. Narrei ao senhor.
No que narrei, o senhor até ache mais do que eu, a minha verdade.
Fim que foi. Aqui a estória se acabou.
Aqui, a estória acabada.
Aqui a estória acaba."