O que realmente importaria se hoje fosse seu último dia?
Sei que o tema pode parecer clichê. No entanto, as questões previsíveis, muitas vezes, rendem respostas inesperadas. E com um roteiro e um elenco de primeira, há muito o que dizer.
Às vezes, me deparo com essa pergunta e vejo que há tantas coisas que espero realizar antes do momento final...
Há muito desejo pela vida aqui dentro.
Ainda assim, a repetição do cotidiano me dá a rara ilusão de que possuo algum controle sobre os próximos acontecimentos que virão. E tudo parece certo. Previsível. Meticulosamente contado, como os números que cercam a vida de Harold.
No entanto, o Universo já provou o quanto essas certezas podem ser um engodo.
E nem sempre são as grandes catástrofes que mudam o curso da história. Não da minha.
Às vezes, é preciso apenas um simples objeto - como um relógio, uma mudança em um pequeno detalhe, um encontro em um supermercado, um livro esquecido sobre a mesa, um atraso que nos faz escolher outro caminho...para que percebamos a singularidade da vida.
Muitas vezes, basta apenas que o co-autor altere uma variável e nada mais será como antes.
Acho que é disso que o filme trata: das pequenas coisas que cercam nosso cotidiano e, talvez, principalmente, da segurança e da "salvação" que esse microcosmos aparentemente traz às nossas vidas. Nas palavras da voz da narradora desse filme maravilhoso: "Às vezes, quando nos perdemos no medo e no desespero, na rotina e na constância, na falta de esperança e na tragédia, devemos agradecer a Deus pelos cookies.
E, felizmente, quando acabarem os biscoitos, ainda teremos consolo em uma mão amiga na nossa pele ou num gesto gentil e afetuoso ou num apoio sutil ou num abraço carinhoso ou numa prova de conforto.
Sem falar em macas de hospital, tampões de nariz, folheados não comidos, segredos sussurrados, Fender Stratocasters (um tipo de guitarra) ou talvez alguma obra de ficção.
Devemos lembrar que todas essas coisas, nuances, anomalias e detalhes que parecem superficiais em nossa vida, estão aqui, na verdade, por uma causa bem mais nobre: eles estão aqui para salvar nossas vidas.
Sei que a idéia soa estranha, mas também sei que é verdade."
Para ter, ver e rever.